sábado, 19 de junho de 2010

O ex-futuro homem gol

Quando criança tive a chance de jogar futebol profissionalmente. Verdade. Participei da peneira no Internacional de Porto Alegre, levado pelo Marcos - um ex-namorado de minha tia Gilca. Fiquei escondido no meio de centenas de guris, a maioria bem mais alta e corpulenta que eu. E volta e meia um desses grandalhões era convidado a jogar um pouquinho, pra mostrar se sabia alguma coisa. Isso me irritava e praticamente tirava minha esperança de ser chamado e, quem sabe, me exibir um pouco pra chamar a atenção. Desde aquela época eu já acreditava em propaganda...
Pra piorar, no meio daquela gurizada toda a fim de se tornar craque, não encontrei uma chuteira do tamanho do meu pezinho de anjo. Fui de Kichute – um tênis metido a chuteira, que dava um chulé daqueles... Quanto mais o tempo passava mais eu ficava impaciente. Os caras olhavam pro banco mas só enxergavam os outros! Na arquibancada, o Marcos da Gilca fazia sinais com as mãos para que eu mantivesse a calma. Nessa altura eu já estava com um baita chulé e a fim de ir embora...
pelas tantas, quando havia levantado a fim de catar o meu rumo, alguém deu um chutão pra cima e a bola da peneira veio pro meu lado. Pra me exibir já comecei a fazer embaixadinhas e outras frescuras com a bola e não obedeci ao comando de devolvê-la ao treino. Era tudo ou nada. Afinal, quando eu era criança o Chacrinha vivia dizendo na televisão que quem não se comunicava se trumbicava, então eu tentei fazer o meu comercial. Deu certo e alguém gritou: - deixa esse exibido mostrar se sabe jogar mesmo... Era eu! Entrei. E chamei a atenção no meio daqueles brutamontes – todos com a minha idade, mas criados a Toddy como se dizia naquela época.
A proposta era para morar em Porto Alegre (na real, nos alojamentos do Inter), estudar e receber um salário mínimo por mês. Voltei pra casa - na década de 70 morava em Pelotas -, e comecei a gostar de radio. Até tinha vontade de jogar futebol profissionalmente, mas se fosse pra jogar teria que ser no Grémio, meu time do coração... Naquela época a rivalidade era ainda maior que a hoje no Rio Grande entre gremistas e colorados. Nem camisa vermelha um gremista usava. Imagina jogar no time deles!!!


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